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Assentimento em ABA: por que ouvir seu filho faz toda a diferença?

Assentimento em ABA: por que ouvir seu filho faz toda a diferença?
Você já parou para pensar como seu filho se sente durante uma terapia ABA? Apesar de todo o foco em técnicas e resultados, o assentimento das crianças nem sempre recebe a devida atenção. Mas ele é essencial! Assentimento em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) não é só sobre consentimento; é sobre ouvir, respeitar e valorizar as respostas da criança, mesmo quando elas não são verbais. Isso cria um ambiente mais acolhedor e seguro, onde elas podem crescer e aprender de forma mais confortável. Vamos explorar juntos como isso pode transformar a experiência terapêutica do seu filho?

O que é assentimento?

No contexto da terapia ABA, o assentimento vai além do simples “sim” ou “não”. É a forma como a criança expressa, verbalmente ou não, que está feliz, relaxada e disposta a participar das atividades propostas. Enquanto muitos pais e profissionais focam no consentimento legal, o assentimento dá voz ao lado emocional e comportamental da criança, permitindo que suas preferências e sentimentos sejam levados em consideração. Isso cria uma conexão mais verdadeira entre a criança, os terapeutas e até os pais.

 Assentimento x consentimento

Você pode estar pensando: "Não é tudo a mesma coisa?". Na verdade, não é. O consentimento, por definição, é um acordo formal, geralmente dado por responsáveis ou cuidadores, permitindo que um procedimento ou intervenção ocorra. É legal, obrigatório e burocrático. Já o assentimento é mais sobre a experiência da criança. É sobre observar e respeitar os sinais que indicam se ela está confortável ou desconfortável com a atividade.

Considere este exemplo: numa sessão de terapia, o consentimento já foi dado pelos pais. No entanto, se a criança começa a se afastar, evitar olhar para o terapeuta ou parecer ansiosa, isso pode ser um sinal claro de que o assentimento está ausente. Em outras palavras, mesmo com o consentimento legal, o engajamento emocional ou comportamental da criança está faltando.

Por que isso é importante? Porque forçar a criança a participar de algo que ela não quer pode gerar aversão à terapia, afetando não apenas os resultados, mas também a relação de confiança com o terapeuta. É como tentar entrar em uma dança onde só um parceiro quer dançar; o ritmo simplesmente não flui.

Então para ficar claro o que é cada coisa, aqui vão algumas diferenças importantes. O consentimento é formal e legal, dados pelos pais ou responsáveis. Ele não avalia necessariamente o conforto ou a aceitação emocional da criança. Já o assentimento é informal e baseado no comportamento. Ou seja, depende de sinais dados pela própria criança, levando em conta suas emoções, preferências e bem-estar.

Respeitar o assentimento em uma terapia ABA mostra que você valoriza as necessidades individuais do aprendiz. É uma forma de dizer: "Sua opinião importa, não queremos apenas que você siga as regras, queremos que você se sinta acolhido nesse processo." Essa postura pode ser um divisor de águas na forma como ela enxerga a terapia e sua própria autonomia.

A importância do assentimento na prática da ABA
Ao falar sobre assentimento em ABA, estamos discutindo algo que vai além de regras e técnicas. Estamos olhando para a verdadeira interação entre a criança e o terapeuta, criando um ambiente mais humano e respeitoso. O assentimento foca em entender e respeitar a criança, promovendo uma experiência mais fluida e eficaz na terapia. Vamos explorar como isso beneficia tanto quem recebe quanto quem oferece a terapia e como contribui para práticas mais éticas e significativas.

Benefícios do assentimento

Você sabia que incluir o assentimento na prática de ABA traz diversos benefícios? Para a criança, é como se dissessem: "Nós te ouvimos e você faz parte disso". Para o terapeuta, é uma oportunidade de entender melhor as respostas da criança e criar um relacionamento mais confiável.

Entre alguns dos benefícios, podemos destacar:

Constrói confiança, já que quando uma criança percebe que suas ações e sinais são respeitados, ela cria mais conexão com o terapeuta. Confiança é a base para qualquer progresso.

Crianças e adolescentes que se sentem ouvidos tendem a interagir mais facilmente. Portanto, aumenta o engajamento, já que o aprendizado deixa de ser uma obrigação e passa a ser algo mais natural.

Forçar uma criança a realizar uma atividade sem o assentimento pode provocar comportamentos de fuga ou resistência. Respeitar seu ritmo reduz esses conflitos.

Imagine que você está ensinando alguém a andar de bicicleta. Se forçar o aprendizado sem considerar que a pessoa está com medo, ela pode evitar tentar por completo. Mas se respeitar o tempo dela, a confiança aumenta e o progresso acontece de forma mais orgânica. Essa analogia vale também para a inclusão do assentimento na ABA.

Terapia ética e eficaz

Práticas éticas em ABA não são apenas um requisito técnico. Elas demonstram empatia e consideração pela individualidade de cada aprendiz. Portanto, incluir o assentimento na terapia é uma maneira de humanizar o processo.

Por que é tão importante? Bom, pense assim: ninguém gosta de ser ignorado ou forçado a fazer algo com que não está confortável. Isso não é diferente para as crianças e adolescentes. Ao respeitar sinais de concordância ou recusa, o terapeuta está promovendo princípios éticos claros, construindo relacionamentos mais saudáveis e resultados mais consistentes.

Portanto, olhar para o assentimento é uma forma de garantir uma prática mais equilibrada, onde resultados e respeito andam lado a lado.

Assim, a inclusão do assentimento transforma a ABA em uma abordagem mais ética e eficaz, criando um ambiente seguro onde a criança pode prosperar. Em vez de insistir em imposições, você promove parcerias reais no caminho do aprendizado.

Como identificar o assentimento do aprendiz

Identificar o assentimento de uma criança em terapia ABA é um processo que exige atenção a detalhes e empatia. Não se trata apenas do que ela diz, mas do que ela demonstra por meio de suas ações, expressões e comportamentos. Portanto, saber interpretar esses sinais pode ajudar a criar uma interação mais fluida, respeitosa e eficaz. Vamos entender melhor!

Sinais de assentimento

O assentimento não é entregue em palavras prontas, muitas vezes ele é sutil e aparece nos comportamentos do dia a dia. Por isso, é importante observar atentamente a linguagem corporal, as expressões faciais e até os sons que a criança faz.

Aqui estão algumas formas claras de identificar o assentimento:

Expressões faciais: sorrisos leves, olhos brilhando ou uma expressão relaxada podem indicar conforto. Por outro lado, franzir a testa, morder os lábios ou desviar o olhar podem mostrar o contrário.
Linguagem corporal: uma criança que se inclina para o terapeuta, pega um objeto ou permanece engajada em uma atividade está mostrando assentimento. Mas se ela cruza os braços, se afasta ou faz movimentos repetitivos de desconforto, é sinal de que não está à vontade.
Respostas verbais: nem todas as crianças vão expressar assentimento diretamente com um “sim”. Algumas podem emitir sons de satisfação, como risadas ou exclamações positivas. Escutar esses pequenos sons e responder a eles é essencial.

Esses sinais, muitas vezes chamados de “microcomportamentos", são como pequenos pedaços de um quebra-cabeça. Quanto mais você prestar atenção, mais completo será o entendimento sobre o que a criança está comunicando.

Exemplos práticos

Falar de sinais é importante, mas visualizar exemplos reais pode fazer toda a diferença. Imagine que, durante uma sessão, o terapeuta oferece dois brinquedos: um carrinho e um quebra-cabeça. Como a criança reage? Essas respostas podem revelar muito.

A criança escolhe de forma ativa: se ela pega o carrinho, olha diretamente para ele e começa a explorar, é evidente que está participando por vontade própria. Esse é um claro exemplo de assentimento.
A criança mostra interesse, mas hesita: talvez ela estique a mão para um brinquedo, mas pare no meio do caminho e olhe para o terapeuta. Isso pode significar curiosidade com um toque de insegurança. Aqui, é papel do adulto validar a escolha e criar um ambiente que incentive a exploração.
A criança rejeita o que foi oferecido: caso ela ignore os brinquedos ou tente sair da mesa, pode ser um sinal claro de que algo não está funcionando. Forçar a interação, neste caso, seria um erro, porque desrespeita o ritmo dela.

Essas situações simples mostram como o assentimento em ABA se revela no dia a dia, muitas vezes em gestos pequenos, mas muito significativos. Saber identificar esses momentos não é apenas valioso para os resultados terapêuticos, mas também reforça a ideia de que a criança está sendo ouvida em todos os sentidos.

O que fazer quando o assentimento não é dado

Em sessões de terapia ABA, nem sempre o assentimento será evidente, e tudo bem! Existem momentos em que a criança não se sente confortável ou simplesmente não está disposta a participar. Isso não significa um fracasso, mas sim uma oportunidade para ajustar o processo e criar um ambiente mais acolhedor. Vamos explorar maneiras práticas de lidar com essas situações enquanto respeitamos os limites e as emoções da criança.

Estratégias de adaptação

Quando a criança demonstra falta de assentimento, é hora de ser flexível. Insistir em uma atividade que claramente não está funcionando pode ser contraproducente, além de ignorar o ritmo e as necessidades dela. Em vez disso, pense em pequenas mudanças que podem transformar o momento em algo mais positivo.

Mude a atividade: talvez o que está sendo proposto não seja interessante ou esteja causando desconforto. Introduzir uma tarefa mais simples ou algo que a criança já goste pode ajudar a recuperar seu engajamento. Por exemplo, se o objetivo era trabalhar habilidades motoras com um quebra-cabeça complicado e a criança mostra desinteresse, oferecer algo mais lúdico, como um jogo com blocos, pode ser mais eficaz.
Altere o ambiente: às vezes, o problema não está na atividade, mas no local. Um ambiente muito barulhento, com luzes fortes ou com muito movimento pode estressar a criança. Teste mudar para um local mais calmo, ajustar a iluminação ou reduzir distrações no espaço.
Faça pausas: assim como qualquer um de nós, as crianças também têm dias ruins. Permitir pequenas pausas entre atividades ou até mesmo finalizar uma sessão mais cedo pode ser mais produtivo do que forçar o andamento da terapia. É como tentar ler um livro com a cabeça cheia – não importa o quanto você insista, nada vai entrar.

Cada ajuste feito com cuidado ensina à criança que suas necessidades são levadas a sério. Isso fortalece a relação de confiança e mostra que a terapia pode ser um espaço seguro e adaptável.

Abordagem empática

Quando o assentimento não é dado, a abordagem emocional e comportamental do terapeuta faz toda a diferença. É essencial que o adulto responsável responda com empatia, lembrando que, para a criança, até uma simples recusa pode ser sua forma de comunicar necessidade de apoio.

Escute os sinais: crianças comunicam desconforto de várias formas – gestos, expressões ou até mesmo silêncio. Leve esses sinais a sério, evitando tratá-los como "birra". Imagine que você está tentando dizer algo importante a alguém, mas é ignorado. Não seria frustrante?
Pratique a paciência: não é sobre cumprir um cronograma rígido, mas criar um espaço onde a criança se sinta segura para progredir. Fale com calma, mantenha um tom suave e nunca apresse as respostas. Às vezes, só o fato de esperar alguns segundos extras já é suficiente para que ela se sinta mais no controle.
Valide os sentimentos da criança: frases como "Parece que você não gostou disso. Tudo bem, vamos tentar outra coisa?" podem fazer uma grande diferença. Esse tipo de comunicação reconhece as emoções dela sem invalidar seus limites.
Evite frustrações desnecessárias: se algo não está funcionando, encerre o momento sem transmitir tensão ou urgência. Mostre à criança que sua recusa não é um problema, mas um ponto de partida para buscar alternativas melhores.

Trabalhar com empatia é como dançar no ritmo do outro. Você não tenta forçar seus passos, mas ajusta os movimentos para seguir na mesma sintonia. Em uma terapia ABA, esse tipo de abordagem cria um ambiente mais humanizado, onde a criança aprende a confiar e, com o tempo, se sente mais disposta a participar.

Cada interação conta, principalmente quando a criança diz "não" — seja com palavras, olhares ou ações. Use essas oportunidades para mostrar que você está ao lado dela, e não contra. Isso, mais do que cumprir metas, é o que realmente faz a diferença.

Exemplo de adaptação na prática

Imagine o João, um garoto de 6 anos diagnosticado com autismo que adora ouvir sons suaves e repetitivos. Durante as sessões de ABA, uma de suas metas era aprender a manipular objetos pequenos para melhorar habilidades motoras finas. A tarefa inicial consistia em construir uma torre de blocos, mas em pouco tempo ficou claro que João estava desconfortável: ele começava a desviar o olhar, jogava os blocos longe e se mostrava claramente inquieto.

O terapeuta, atento aos sinais de falta de assentimento, decidiu mudar de abordagem. Ele então se perguntou: “Será que o João está nos mostrando que não gosta de blocos? Ou será que ele só não entende como isso pode ser divertido?” A resposta veio de uma forma tão simples quanto genial: tocar o universo musical do João.

O terapeuta trocou os blocos tradicionais por peças que, ao serem empilhadas ou movimentadas, produziam sons. Alguns tilintavam como sinos, outros emitiam notas suaves. Assim que João ouviu o primeiro som, seus olhos brilharam. Ele começou a empilhar as peças, criando pequenas melodias enquanto explorava o material. Mais do que um exercício motor, a atividade se tornou uma brincadeira prazerosa, guiada por uma adaptação que respeitou os interesses dele.

Essa mudança não só manteve João engajado como também reforçou seu assentimento. A cada torre finalizada, ele sorria e mostrava ao terapeuta, como quem diz: “Eu gosto disso. Quero continuar.” Nesse cenário, as habilidades motoras não foram trabalhadas à força, mas sim nutridas com entusiasmo e conexão.

Esse exemplo nos lembra que respeitar os sinais enviados pela criança — mesmo que não sejam verbais — é um dos pilares do assentimento em ABA. João poderia facilmente ter sido pressionado a concluir a tarefa original, mas a falta de engajamento não poderia ser ignorada. Afinal, forçar nunca é eficiente, e ajustar a atividade ao universo da criança reforça uma prática ética e empática.

No final das contas, histórias como a do João mostram que pequenos ajustes podem gerar grandes resultados. Quando você valoriza os interesses e os sinais de uma criança, a terapia deixa de ser uma tarefa enfadonha e passa a ser uma jornada compartilhada de aprendizado e descoberta. E isso, sem dúvida, é o que torna o assentimento em ABA uma abordagem tão essencial.

Agora é sua vez de refletir: como você tem ouvido o que a sua criança comunica, mesmo sem palavras? Desde os pequenos gestos até os grandes comportamentos, todas as ações contam uma história. Estamos prontos para parar, observar e ajustar o que fazemos para que essas vozes sejam sempre respeitadas?

Afinal, o que você pode fazer hoje para fortalecer essa escuta? Talvez esteja na hora de olhar além das palavras e realmente entender o que a sua criança quer comunicar. « Voltar